quinta-feira, 6 de novembro de 2008

ENTREVISTA COM J. MATEUS, JORNALISTA ESPORTIVO

Por Emmanuel Grubisich Monteiro

No frio do Uruguai, na Copa América de 1995.


Nome: José Mateus de Lima
Idade: 60 anos
Nascimento: Arapongas - PR
Tem 44 anos de experiência radiofônica.
Trabalhou nas Rádios:
Arapongas, Cultura/Arapongas,
Cultura/Apucarana, Atalaia/Maringá,
Cultura/Maringá, Alvorada/Londrina e
Rádio Clube.
Trabalhou na TV Cultura/Maringá.
Esta é sua terceira passagem pela Paiquerê.
Está nesta Rádio desde 1988.


Como foi o início de sua carreira?
Comecei no rádio como uma brincadeira. Eu tinha dezesseis anos. Gostava de ouvir futebol no rádio. Imitava os grandes locutores da época. Um dia liguei para uma rádio, fiz as imitações para um locutor. Ele gostou, me chamou para ir até a emissora. Fiz as imitações ao vivo, tremendo como uma vara verde. Fui contratado e passei a fazer o plantão da Rádio Arapongas, em 1964.

O que é mais gratificante na profissão?
Tudo é gratificante quando você consegue sucesso naquilo que faz. Sempre gostei do que faço, então sempre tive motivação para trabalhar.

O que você considera ser mais difícil?
Há algum tempo estou só no esporte, mas já fiz jornalismo, fiz programação musical, fui noticiarista, apresentei programa dos mais diversos. Até hoje não enfrentei nenhuma barreira. O difícil é quando a pessoa não se prepara e eu gosto de me preparar bem.

Quantas Copas do Mundo, Copas América e Olimpíadas?
Cinco Copas do Mundo desde 1990. Copa América trabalho desde 1989 e Olimpíadas cobri a de Atlanta, em 1996, fora outros eventos, como o Pré-olímpico, alguns torneios internacionais e principalmente jogos amistosos da seleção.

Em qual evento você tem mais satisfação de trabalhar?
Todo evento bom dá satisfação. A Copa do Mundo é considerada a nata. Mas tão gostoso quanto ver o Brasil ser campeão do mundo, é ver o Londrina campeão paranaense. Ainda acho que a emoção fica por conta do local, que é algo muito particular. Vi o LEC campeão em 1981 e em 1992 e confesso que foi muito gostoso sentir o povo da sua cidade, as pessoas do seu convívio vibrando com o fato. É claro que vibram também com a seleção brasileira, mas o Brasil é algo mais amplo.

Qual o momento mais marcante de sua carreira?
O Brasil campeão nos Estados Unidos e na Ásia. Tive algumas outras emoções: eu tinha 11 anos quando o Brasil ganhou a primeira Copa do Mundo, em 1958. Eu ouvia Pedro Luiz e Édson Leite, pela Rádio Bandeirantes de São Paulo. Trinta anos mais tarde, eu estava no mesmo estádio, transmitindo Brasil x Suécia, em partida comemorativa dos 30 anos daquela final. Outra passagem maravilhosa foi durante a Copa do Mundo de 1990 na Itália. Eu estava em Roma, cobrindo a Copa. Depois que o Brasil foi desclassificado, o Osmar Santos, na época na Rádio Record, me convidou para que eu fizesse o jogo Colômbia x Camarões, porque o locutor daquela emissora estava rouco. Para a minha surpresa, o comentarista era o Pedro Luiz, meu ídolo de infância e juventude. Aquilo me marcou muito porque o Pedro Luiz, para mim, foi o maior narrador de futebol do rádio brasileiro. O repórter era o Roberto Carmona, que também nasceu em Arapongas. Foi muito emocionante.

Alguns personagens que você teve prazer em conhecer e quais os melhores atletas que viu atuar?
O melhor de todos foi Pelé. Não transmiti jogos do Pelé, mas eu o vi jogar. Depois dele, Zico e Sócrates. Entre os Ronaldos, prefiro o “Fenômeno”. Apesar dos problemas, ele foi mais positivo, em termos de seleção brasileira.
Quanto a personagens, prefiro os do rádio, como Pedro Luiz, que me inspirou muito. Haroldo Fernandes, que era da Tupi. Fiori Gigliotti, uma pessoa maravilhosa e que deixou muita saudade. Às vezes eu ficava uns quatro anos sem encontrar o Fiori e ele sempre me cumprimentava e chamava pelo nome. Era sempre muito gratificante encontrá-lo pela gentileza e amizade dele.

O jornalismo para J. Mateus é...
Paixão. Comecei em 1964. Eu brinco muito com a minha família, com os meus amigos. Digo que enquanto eu tiver boca para falar e dedo para escrever, eu não vou parar. Não me vejo parado não. E o que é importante é que eu me sinto bastante motivado.

Existe algo que você ainda sonha realizar no jornalismo esportivo?
Tive a felicidade de fazer as maiores coberturas que o esporte proporciona, mas eu tinha um pensamento de completar cinco Copas do Mundo e talvez até abrir espaço para outros chegarem, mas a motivação está tão grande que eu tenho o sonho de cobrir a sexta, talvez a sétima Copa do Mundo. É tudo uma questão de saúde e disposição.

Recado para quem começa na profissão.
É um caminho duro, o mercado é pequeno. Se não tiver muita disposição, vocação e amor pelo o que faz, a carreira não dá certo. Em relação ao rádio, ele é a melhor escola do jornalismo, porque nele você enfrenta todas as situações de improviso, você está ao vivo e se falta alguma palavra, tem de buscar na mente e sair das situações.

Um comentário:

  1. ADORO O TRABALHO DESENVOLVIDO PELO J. MATEUS , ESSA CARA É UMA PÉROLA DA PAIQUERE AM.

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